quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Sobre o medo

       Contrariando um clichê muito difundido pelo senso comum ,ter medo não significa ser covarde .  Covardia e não ter coragem para reagir
        A função do medo de avisar o organismo  dos perigos que o cercam,
Portanto o medo e benéfico , somente em casos excessivos como casos patológicos ,pânico e fobia etc.,.pode ser prejudicial .    
 Pensando melhor uma pessoa destemida não duraria muito pois não hesitaria lutar contra  um leão pois sem medo não existe noção e noção de perigo    .
  Sobre o efeito do medo nossos sentidos se aguçam nosso corpo nos prepara para  o que  estiver  para vir .
 Sobre o efeito do medo ,aumentam a atenção e a velocidade de reação . As batidas do coração aceleram ,e a pressão sanguínea sobe, os açucares inundam o sangue e aumentam as secreções da glândula supra –renal e da parte anterior da hipófise. Esse terremoto psicofísico prepara  o corpo para lutar, fugir,imobilizar-se ou fingir não tremer.


DESCOBERTA DO MUNDO
      
Aos medos inatos seguem-se aqueles ligados ao crescimento. No segundo semestre de vida surgem o receio do desconhecido e a angústia da separação. Ao notarem essa mudança, certos pais temem que a criança fique menos sociável. Ela deixa de sorrir para todos, recusa-se a ficar nos braços daqueles que não conhece bem e protesta quando a mãe se afasta. Mas não se trata de uma regressão – e sim de uma crise. Esses novos temores indicam desenvolvimento mental. O bebê percebe diferenças que antes não notava. Além disso, nessa fase, está se formando nele um forte laço com as figuras que o protegem. É preciso levar isso em conta, sobretudo se a mãe, para voltar a trabalhar, tem de deixar o filho com alguém. A criança só deixará a figura materna se distanciar quando confiar nesse cuidador
        O medo de animais costuma aparecer em crianças de 1 a 3 anos, fase em que começam a se aventurar além dos limites habituais – e nem tudo que encontram é seguro. É possível distinguir aí três medos inatos: o dos movimentos repentinos, o da aproximação de estranhos e o de ruídos fortes. O temor diante de cães se enquadra bem nessas três condições. Como se trata de um medo normal para a idade, na maioria das vezes não é necessário fazer pressão para eliminá-lo. Observando a reação dos outros e habituando-se à presença dos animais, a maioria das crianças supera naturalmente esse desconforto, a menos que viva uma experiência desagradável, como uma mordida.
        Entre 2 e 6 anos pode surgir o medo do escuro. O recém-nascido não teme a escuridão porque ainda não se habituou à luz. Porém, quando depois do segundo ano de vida a criança desperta no meio da noite e se vê sem as referências que tinha durante o dia, pode começar a temer a ausência da luz. Sombras, rangidos ou passos no corredor assustam bem mais à noite do que na claridade. A partir do terceiro ano, a imaginação entra em ação, elaborando cenários e interpretações. O receio de temporais e seres imaginários que poderiam se esconder na escuridão – monstros, bruxas, fantasmas – costuma assumir um valor metafórico na fase pré-escolar, mesclando-se a outros medos ligados à percepção da própria vulnerabilidade, como o de jamais acordar. 
      A criança se vê diante de aspectos da realidade que antes não levava em conta: conflitos entre os adultos, doenças, cenas violentas na televisão, expectativa de punição por alguma travessura cometida e a sensação de que algo ruim vai acontecer geram sobressaltos muito mais radicados na fantasia que na realidade. A criança “enfurecida” com os pais, temendo a própria agressividade, pode ter pesadelos à noite. Certos medos se originam de vivências dolorosas não elaboradas (doenças, acidentes, morte de pessoa próxima etc.) ou mesmo de situações corriqueiras. Por exemplo, se a água do banho está muito quente ou se cai xampu nos olhos da criança, ela pode ficar com medo de água.
      Entre 6 e 12 anos se torna mais fácil dominar pavores vividos nos anos anteriores. Ruídos fortes, flashes luminosos, escuridão, monstros e bruxas já não assustam tanto, justamente porque agora a criança tem maior capacidade de compreensão e pode entender ameaças como ladrões, doenças, dor, morte e abandono. Surgem os temores ligados ao estado social (por exemplo, questões que se referem ao desempenho escolar) e à interação com os outros (reprovação, conflitos, brigas e rejeição dos colegas). Nessa fase, tende a diminuir o medo de animais domésticos, mas pode se desenvolver o de insetos. Por mais estranho que possa parecer, uma criança é capaz de brincar com um grande cão e estremecer diante de uma formiga. Mas há uma explicação: o pavor de invertebrados e animais exóticos está relacionado à angústia provocada pelo desconhecido. Para que essa reação seja superada é preciso que a criança se familiarize com as características desses bichos.

FOBIA E ANSIEDADE

Por vezes, porém, lidar com determinado medo é mais complicado do que parece. Por exemplo, há crianças que esmagam um inseto e fantasiam que os amigos do animal virão à sua procura para se vingar. Tal receio talvez oculte outros, como o da própria agressividade, já que, de forma projetiva, as crianças costumam atribuir os próprios sentimentos aos outros e também a objetos inanimados. Compreende-se, assim, que surjam os sonhos povoados de animais violentos e monstros horríveis.
       Vários medos que se manifestam até os 12 anos – assim como certas regressões – se explicam pela instabilidade que marca toda a fase evolutiva.
       Diferentemente do adulto, que já tem um papel estável, referências precisas e comportamentos definidos, os modelos de conduta da criança estão em transformação. A pessoa autoconfiante reage ao perigo acionando seus recursos internos, mas a criança ainda depende dos outros e pode se sentir emocional e fisicamente paralisada diante de situações ameaçadoras. Depois de um grande susto ou em situações angustiantes que se prolongam, é comum que a criança retome, ainda que temporariamente, comportamentos típicos de estágios anteriores, nos quais se sentia mais protegida e segura.
      O adolescente costuma superar os temores da infância ao desenvolver uma visão mais complexa do mundo. Isso, porém, não significa que não tenha medo. Nessa faixa etária, muitas vezes aparecem vertigens, temores ligados ao corpo (como o de enrubescer ou ter alguma anomalia) e vários outros receios referentes à esfera social e sexual como expor-se, fracassar, ser criticado, ignorado ou rejeitado. A dor, a morte, os ferimentos físicos, a deformidade e a feiúra completam a lista dos “medos adolescentes”, juntamente com a insegurança de falar em público e de perder o controle sobre si.
       Quando não são superados, esses medos podem evoluir para quadros fóbicos ou se configurar como ansiedade patológica, e costumam conter em sua origem angústias mais profundas – medo da solidão, temor da morte, receio de perder o controle de si ou da realidade. A fobia é um medo persistente, intenso e de difícil controle, deflagrado por experiências traumáticas. A literatura registra, por exemplo, vários casos de adultos com
fobia da escuridão que, quando criança, ficaram fechados em um ambiente escuro por longo período ou foram abandonados em local desconhecido.
      Por trás dos estados de ansiedade há, muitas vezes, tormentos inconscientes que amplificam os medos normais e levam à perda do controle. Há ainda situações em que nossa própria capacidade de prever perigos nos faz cair nas armadilhas do falso alarme e de uma ansiedade que brota de ameaças imaginárias. O outro lado da moeda é a coragem, isto é, o atributo de todos os que confiam na própria capacidade. Física ou moral, ela se manifesta de muitas maneiras. Ser corajoso é confiar em si não de forma irrealista, e sim com base na avaliação dos próprios recursos e da ameaça enfrentada. O corajoso reflete antes de arriscar, é cuidadoso e usa da melhor forma possível as oportunidades e os talentos dos quais dispõe. Lidar com nossas assombrações – sejam elas concretas ou fictícias – é um processo de aprendizagem, que implica a aquisição de autonomia e amadurecimento, construídos no contato com o outro. 

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